sexta-feira, 31 de julho de 2009
A Praça
Muitos passavam por lá. Poucos ela acolhia.
Tinha subidas e descidas, grama bem verde e muito sol.
Mesmo no frio era quente.
Música também tinha, mas só quando alguém resolvia tocar... e cantar.
Tinha noite bem escura e solidão.
Mas os Ipês brancos apareciam e os medos sumiam.
Tinha horizonte. Tinha esquecimentos e momentos.
Afagos, passeios e apertos... no coração, nos peitos, de todos os jeitos.
Tinha rima barata, a praça. Que sempre combinava com graça.
quinta-feira, 30 de julho de 2009
...
Mudanças passam perto.
Tédio, compulsão, chocolate.
Engata a primeira. Morreu o carro.
Geladeira cheia conforta.
Um cigarro aqui. Esqueci a cerveja.
Fiquei no anti-qualquer-coisa.
Insegurança, medo, batalha.
A cesariana deixa a gente com preguiça.
Espera-demais-Faz-de-menos.
Cadê o pão nosso de cada dia? Eu perdi?
Juro que tô tentando.
"Esperançando" pela vida. Sempre.
Desistir?
Acho que não. Já tô aqui mesmo.
Quero simplesmente ser... o que quer que seja isso.
O Dia Múltiplo
dia passado três dias antes,
brilhante, ofuscado oásis,
deserto desejado, completo
dia-quase. Tumulto e feriado.
Hoje foi escancarado:
todo o dia estive oculto.
É dia de gandaia e pausa
e aplauso, mas o dia me vaia.
O dia é um presídio libertário;
de aniversário e suicídio
é feito o dia".
Jorge Emil
Roubado do Blog da Ana Paula:
quarta-feira, 29 de julho de 2009
Foi
foi aquilo que não pôde ser desfeito.
De tudo que sorri, onde mais me diverti,
foi aquilo que nunca esqueci.
De tudo que errei, o que mais me arrependi,
foi aquilo que não aprendi.
De tudo que falei, o que mais me tocou,
foi aquilo que só eu ouvi.
De tudo que andei, onde mais caminhei,
foi aquilo que eu não conquistei.
De tudo que pensei, o que mais guardei,
foi aquilo que sonhei.
De tudo que aprendi, o que mais compreendi,
foi aquilo que vivi.
De tudo que vivi, o melhor que senti,
impossível dizer, pois ainda não parti.
Suppion
Para Mario Quintana
Pra voar, voar, voar...mas depois voltar pro ninho.
Carolina Campos
terça-feira, 28 de julho de 2009
Vergonha
Tá na cara e só você não vê.
Não porque tem vergonha,
mas porque tem medo.
Suppion
bochecha rosinha
Querido, estou grávida. Querido não, porque se não vão achar que isso é ficção e é a mais pura realidade. Hoje em dia ninguém chama mais marido de querido. Só os filmes e os livros o fazem. Voltando: ahajhdjhffwekfjgejghehg (voz gaga, embargada, inintendível. Choro eminente. Felicidade) grrávida...
Parou de fumar sem nenhum esforço. Parou de beber. Parou de sair. Acordava pensando em nomes de crianças. Normais: João, Maria. Anormais: Krishna, Dara. Aqueles que dariam bons apelidos. Aqueles que não dariam apelidos. Aqueles de uma só sílaba: Téo, Tom, Tim. Aqueles que não rimavam com o sobrenome. Vagava nas ruas sonhando. Dobrava roupinhas imaginárias. Cheirava sapatinhos de crochê. Lia livros de psicologia infantil mas depois desistia dizendo que queria uma educação mais naturalista, sem muita regra. Com muito amor. Passava óleo de amêndoas na barriga para evitar estrias. Usava meias Kendhal. Fazia a respiração cachorrinho só pra já ir treinando.
Isso se fosse querido, tô grávida. Mas aí seria ficção. Ela não tinha marido. Ela sonhou tanto, e passou tanto tempo sonhando, que a barriga foi realmente crescendo. Nas costas. Era uma velhice novinha que acabara de chegar.
Desencontro de Almas
que quando duas almas se desencontram.
Porque alma é coisa rara de encontrar.
Corpos se encontram e desencontram o tempo todo.
Mentes se encontram e desencontram sempre ao longo do caminho.
Mas almas não.
Almas se encontram poucas vezes. Quase nunca.
Quando se encotram é festa, é liberdade, é pura alegria.
E não há tristeza maior do que quando elas juntas descobrem que cada uma quer seguir o seu caminho. Sozinha.
É desperdício de sorte.
É desperdício de tempo.
É desperdício de sonho.
É desperdício de vida.
Carolina Campos
Jogando
Carolina Campos
Semana de 29
segunda-feira, 27 de julho de 2009
Portões
A diferença é que alguns se abrem te convidando para entrar.
Outros se abrem, apenas para te deixar sair.
Carolina Campos
Se...
Se não tivesse vento,
Se meu andar não fosse lento,
Já não estaria aqui.
Se não tivesse medo,
Se não tivesse brinquedo,
Se eu não guardasse segredo,
Já não estaria aqui.
Quem sabe estivesse aí
Onde sempre quis estar.
Talvez estivesse perdido
Mergulhado em outro olhar.
Carolina Campos
Sem pés, nem cabeça.
Caminho
Choro, colo, abraço, sabor.
Boneca, bola, sorriso, peão.
Amigos, escola, onda, calor.
Turma, beijo, namoro, aperto de mão.
Desejo, sonho, sexo, dor.
Escolha, dúvida, futuro, profissão.
Trabalho, estudo, carro, empregador.
Copo, bebida, mochila, avião.
Olhar, boca, cama, amor.
Promessa, aliança, plano, pé no chão.
Vestido, festa, sofá, televisor.
Barriga, semente, criança, trocador,
Casa, comida, família, ocupação.
Dinheiro, insônia, certeza, valor.
Café, dúvida, companhia, verão.
Ruga, cabelo, medo, doutor.
Bodas, filhos, netos, admiração.
História, quarto, água, cobertor.
Doença, suspiro, lágrima, recordação.
Morte, luz, escuro, solidão.
Escrever é desenhar a vida.
Suppion
Esquina
Na esquina da minha rua com a sua.
Falamos de tudo um pouco. Fizemos do pouco, um tudo.
E quando o silêncio era a conversa,
o abraço que era encontro, resumiu o desencontro.
Agora só nos resta caminhar.
Vagarosamente passear.
Um num caminho, o outro no outro.
Suppion
Tiram os zeros, ficam vinte e nove.
Suppion