terça-feira, 28 de julho de 2009

bochecha rosinha

Querido, estou grávida. Querido não, porque se não vão achar que isso é ficção e é a mais pura realidade. Hoje em dia ninguém chama mais marido de querido. Só os filmes e os livros o fazem. Voltando: ahajhdjhffwekfjgejghehg (voz gaga, embargada, inintendível. Choro eminente. Felicidade) grrávida...

Parou de fumar sem nenhum esforço. Parou de beber. Parou de sair. Acordava pensando em nomes de crianças. Normais: João, Maria. Anormais: Krishna, Dara. Aqueles que dariam bons apelidos. Aqueles que não dariam apelidos. Aqueles de uma só sílaba: Téo, Tom, Tim. Aqueles que não rimavam com o sobrenome. Vagava nas ruas sonhando. Dobrava roupinhas imaginárias. Cheirava sapatinhos de crochê. Lia livros de psicologia infantil mas depois desistia dizendo que queria uma educação mais naturalista, sem muita regra. Com muito amor. Passava óleo de amêndoas na barriga para evitar estrias. Usava meias Kendhal. Fazia a respiração cachorrinho só pra já ir treinando. 

Isso se fosse querido, tô grávida. Mas aí seria ficção. Ela não tinha marido. Ela sonhou tanto, e passou tanto tempo sonhando, que a barriga foi realmente crescendo. Nas costas. Era uma velhice novinha que acabara de chegar. 





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