domingo, 13 de dezembro de 2009

A cúpula - capítulo 3 - o amor

(ver capítulos anteriores)

Souza:
Então busquemos. Mas e o amor, acaba? Se é finito é algo limitado. Se é limitado não pode ser complexo. Se não é complexo, porque não sabemos o que ele é e definimos como tal.

Cassius:
Este é um ponto. Quem disse que o amor acaba? Nunca falamos disso, ou dessa forma. Acho que o amor muda sua intensidade. Muda sua forma. Mutante de amor que não finda, pois estamos destinados a amar. Assim como respirar, comer, dormir, sonhar. Só percebemos esse destino porque somos seres conscientes de nossas vidas e atos.

Wagner:
Se amor é consciente e feito de partes. Então o amor pode ser um ato deliberado. Escolhemos as partes e fazemos o amor. Mas escolhemos o amado, objeto do nosso amor?

Sião:
Creio que a minha idade possa responder a sua pergunta. Amei de várias formas e intensidade. Mas não me lembro de escolher quem se ama. Apenas senti e percebi o amor. Mas não livre arbitrei sobre ele.

Wagner:
Então o amor é consciente quando se instala. Mas não temos consciência para escolher quem se ama. É um ato involuntário, não controlamos seu impulso, seu início e nem seu fim.

Cassius:
Amor tem fim? Já disse. Não acredito no fim do amor. Acredito na mudança do amor. Uma mulher dedica sua vida para o seu marido. Um amor maior. Ele a trai. Ela o ama. Esse amor acaba? Ou muda para outro sentir. Dá lugar ao ódio e vingança. O sentimento original se transforma, numa linha contínua, da mesma intensidade e no sentido contrário. Pois se ela amasse menos, menos sentiria seu ódio pulsar pelas mesmas veias.

Valquíria:
Se sinto o amor e ele se transforma. Então ele não pode ser feito de algo imutável. Tem que ser feito de algo que se adapta, muda também. De dentro pra fora, interagindo com o meio. E se seguir o nosso raciocínio, faz isso de maneira consciente porém sem nenhum comando nosso. Somos expectadores do amor.

Sião:
Se ter consciência é preservar a razão. Sim, pois não há ser consciente sem uma razão pra seguir. Por que quando amamos sentimos oprimir a razão. Sentimos que agimos automaticamente perante o amado. Sem pensar e nem deliberar as questões. Será que ao oprimir nossa consciência nos perdemos no sentir? Se for, o amor não pode ser consciente. O que nos faz perder então essa consciência da razão?

Cassius:
Amamos. Isso é fato. Ele tira nossa consciência. Isso se fez fato. Mas você mesmo disse, amou de diversas formas e intensidade. Se pode perceber que ama, então tem consciência dele. Amar é consciente, é mutável, é involuntário, é feito de partes refletidas no objeto amado. Então amor é viver no outro. Consciente da condição, mas sujeito a perder a razão.

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