terça-feira, 15 de dezembro de 2009

Diacho!

Diacho era uma palavra muitas vezes dita pela minha vó. Nas situações mais difíceis. Aquelas que você não tem pra onde correr.

Enquanto você não vem, eu rio
Enquanto você não vem, eu parto
Enquanto você não vem, me perco
Enquanto você não vem, me acho

Enquanto você não vem, eu bebo
Enquanto você não vem, relaxo
Enquanto você não vem, me esqueço
Enquanto você não vem, me trato

Enquanto você não vem, eu choro
Enquanto você não vem, eu fico
Enquanto você não vem, me engano
Enquanto você não vem, me irrito

Enquanto você não vem, eu finjo
Enquanto você não vem, disfarço
Enquanto você não vem, me espero
Enquanto você não vem, me basto

Enquanto você não vem, não tem
Enquanto você não vem, não vou
Enquanto você não vem, ninguém
Enquanto você não vem. Diacho!

Carolina Campos

domingo, 13 de dezembro de 2009

A cúpula - capítulo 3 - o amor

(ver capítulos anteriores)

Souza:
Então busquemos. Mas e o amor, acaba? Se é finito é algo limitado. Se é limitado não pode ser complexo. Se não é complexo, porque não sabemos o que ele é e definimos como tal.

Cassius:
Este é um ponto. Quem disse que o amor acaba? Nunca falamos disso, ou dessa forma. Acho que o amor muda sua intensidade. Muda sua forma. Mutante de amor que não finda, pois estamos destinados a amar. Assim como respirar, comer, dormir, sonhar. Só percebemos esse destino porque somos seres conscientes de nossas vidas e atos.

Wagner:
Se amor é consciente e feito de partes. Então o amor pode ser um ato deliberado. Escolhemos as partes e fazemos o amor. Mas escolhemos o amado, objeto do nosso amor?

Sião:
Creio que a minha idade possa responder a sua pergunta. Amei de várias formas e intensidade. Mas não me lembro de escolher quem se ama. Apenas senti e percebi o amor. Mas não livre arbitrei sobre ele.

Wagner:
Então o amor é consciente quando se instala. Mas não temos consciência para escolher quem se ama. É um ato involuntário, não controlamos seu impulso, seu início e nem seu fim.

Cassius:
Amor tem fim? Já disse. Não acredito no fim do amor. Acredito na mudança do amor. Uma mulher dedica sua vida para o seu marido. Um amor maior. Ele a trai. Ela o ama. Esse amor acaba? Ou muda para outro sentir. Dá lugar ao ódio e vingança. O sentimento original se transforma, numa linha contínua, da mesma intensidade e no sentido contrário. Pois se ela amasse menos, menos sentiria seu ódio pulsar pelas mesmas veias.

Valquíria:
Se sinto o amor e ele se transforma. Então ele não pode ser feito de algo imutável. Tem que ser feito de algo que se adapta, muda também. De dentro pra fora, interagindo com o meio. E se seguir o nosso raciocínio, faz isso de maneira consciente porém sem nenhum comando nosso. Somos expectadores do amor.

Sião:
Se ter consciência é preservar a razão. Sim, pois não há ser consciente sem uma razão pra seguir. Por que quando amamos sentimos oprimir a razão. Sentimos que agimos automaticamente perante o amado. Sem pensar e nem deliberar as questões. Será que ao oprimir nossa consciência nos perdemos no sentir? Se for, o amor não pode ser consciente. O que nos faz perder então essa consciência da razão?

Cassius:
Amamos. Isso é fato. Ele tira nossa consciência. Isso se fez fato. Mas você mesmo disse, amou de diversas formas e intensidade. Se pode perceber que ama, então tem consciência dele. Amar é consciente, é mutável, é involuntário, é feito de partes refletidas no objeto amado. Então amor é viver no outro. Consciente da condição, mas sujeito a perder a razão.

Pensei

A vida que pensei, nunca existiu.
Pois era um mundo perfeito.
Ausente de vida, repleta de mundos.
Egoísta no existir, existia só pra mim.
Bondosa no sentir, fazia mais de mim.

A vida que pensei foi dividida.
Entre a parte que sonhei e a parte que chorei.
Entre o mundo que perdi e o mundo que ganhei.
Entre o cheiro da lembrança e o gosto da esperança.

Uma beldade. Uma maldade. Uma vida sem idade.
Que não morre com o tempo. Morre só no pensamento.
Pois a vida, aquela de verdade, não tem tempo pra pensar.
Nem por mim, nem por ninguém.
Vive. Por todos.
E no fim, amém.

Suppion

terça-feira, 8 de dezembro de 2009

A cúpula - capítulo 2 - o amor.

(para entender melhor, leia os capítulos anteriores)

Vinte minutos depois estavam todos de volta para o centro da questão, o centro da cúpula.

Ancião;
Retomemos de onde paramos. Descartamos tentar entender os tipos de amor, se é que eles existem, aceitamos que o primeiro amor é aquele consciente, não importa a idade que se sentiu. Foi isso?

Tadeu, o formador que estava mais atento que os outros:
- Foi exatamente isso que registrei.

Sião:
Pois ainda não estou convencido que o amor, pelo menos o primeiro, é quando temos consciência dele. Pois podemos ter consciência de muitas coisas, mas e se não temos consciência do que é amar porque não sabemos o que é amor? Afinal, nós, se vocês se lembram, estamos aqui justamente para isso. Será que uma criança sabe que aquele sentimento por seu pai ou mãe representa um amor? Ela tem consciência que ela existe, mas pode não ter que é um ser amante, que ama.

Cassius:
Ora, estamos falando de amor consciente, porque quem sente tem consciência, logo, o amor da primeira infância, aquele de um filho com seus cuidadores, pode ser o primeiro, pode ser o início de tudo, da aprendizagem de amar e do próprio amor. Mesmo que o ser que ama não saiba descrever ou nominar o que sente, o importante é que sente. Pois amor vive do que? De palavras concretas e verbalizadas? Não, amor vive de sentimento.

Souza, contraponto mais jovem:
Então amor é simples. Amor é sentir um querer bem do objeto amado.

Cassius:
Respeito seu pensamento, mas acredito que a nossa busca é mais profunda do que o raso conceito que você cavou. Claro que a sua inquietude, por sua idade é válida, pois está buscando a verdade, mas vejo pontos contraditórios em sua elaboração. Por exemplo, eu quero bem o meu vizinho, mas eu não amo o meu vizinho. Assim, acredito que querer bem pode estar presente no amor, mas não é o amor, pois nem todo querer bem é amor. E se querer bem for amor, um teria que representar o outro em qualquer situação.

Ancião:
Mas então, o que faz parte do amor, mas não é amor? Pois se chegarmos a essas conclusões, podemos excluir diversas possibiidades.

Sião:
Estar presente faz parte do amor. Fazer o bem faz parte do amor. Entender faz parte do amor. Ser solidário faz parte do amor. A verdade faz parte do amor. A alegria pela conquista do amado faz parte do amor. Dividir faz parte do amor. Alguém lembra algo mais?

Valquíria:
Doar faz parte do amor. Morrer pelo amado faz parte do amor. Pensar no amado faz parte do amor. Superar faz parte do amor. Paciência faz parte do amor. Cuidar faz parte do amor. Construir faz parte do amor. Sinceridade faz parte do amor. Sonhar faz parte do amor. Sorrir faz parte do amor.

Wagner:
Conquistar faz parte do amor. Crescer faz parte do amor. Apoiar faz parte do amor. Educar faz parte do amor. Corrigir faz parte do amor. Dialogar faz parte do amor. Perseverar faz parte do amor. Imaginar faz parte do amor. Idealizar faz parte do amor. Confiar faz parte do amor. Aceitar faz parte do amor. Melhorar faz parte do amor.


Ancião:
Alguém mais? Concordamos que nada disso pode ser o amor, seria apenas uma parte de um todo muito maior. Mas para evocar essas partes, o que temos? O que tem no amor que faz com que tudo isso aconteça?

Suppion

segunda-feira, 7 de dezembro de 2009

A cúpula - Capítulo 1 - O amor.

Estavam todos reunidos. Um falatório sem parar. No centro o ancião, na primeira fila os opinadores, na segunda os contrapontos, na terceira os formadores e da quarta em diante os ouvintes. Esses, não podiam falar, em nenhum momento estavam autorizados a participar. Era assim desde o princípio. Eram ouvintes e seu papel era ouvir, assimilar e espalhar. Levar para fora o que se decidia dentro.

O ancião segurava em uma das mãos o papiro da questão. Hoje o debate iria ser intenso. Na verdade era o dia que a cúpula estava mais cheia. Era interessante. Era essencial. Era o que todos esperavam para tocar suas vidas. Sempre uma breve apresentação se fazia necessário. O ancião mediava e opinava com sua clareza de pensamento todas as partes da questão. Nele estava toda a sabedoria. De um mundo particular, que vivia entre diversos mundos, que não era o centro, nem importante, nem essencial. Apenas mais um mundo num universo inteiro.

O ancião pede silêncio. Pede atenção. Levanta com toda a sua elegância, coloca o papel na mesa e se dirige a pequena multidão presente na cúpula:

- Caros, nossas vidas estão atormentadas. Atormentadas por um decidir que não se conclui. Espero aqui oferecer todos os detalhes para que vocês possam chegar a uma conclusão. Para que o nosso pacto decisório elabore um pensamento comum, torne convenção o que um dia foi discussão, debate. Não podemos mais viver, ou melhor, ter uma vida parada por tal fato. Vamos decidir agora e que seja espalhado por todo o nosso mundo o que aqui for decidido. E que essa decisão seja irrevogável, seja o que é. E acabamos de uma vez por todas com esse pesar. Vamos deliberar por uma vida, mas saiamos daqui com uma definição clara da dúvida que se abateu: o que é o amor? E que assim, essa tormenta se acalme em nosso mundo. Se faça paz novamente.

- Creio que para definir o amor, precisamos decidir se o amor é um ou muitos. Pois se for um, definimos como tal. Se for muitos, definimos cada um com suas qualidades. Em minha vida, senti o amor. E senti de jeitos e formas diferentes. Assim, minha intuição diz que são muitos, pois se senti diferenças entre eles, eles não podem ser iguais. Não em sua totalidade. Sugiro então catalogar o amor. Descobrir quais são esses amores e quando eles despertam. Existem quantos amores presentes em nosso mundo? Opinadores solicito a participação.

Seião, o mais velho dos opinadores levanta e diz:
- Vamos falar de nosso primeiro amor. O amor dos nossos pais. Não sabemos nada sobre ele. Só sentimos. Pra mim esse é o primeiro.

Valentina, mulher de seião, diz:
- Mas é o amor de um pai ou uma mãe com seu filho ou o amor de um filho com seu pai ou sua mãe? Esse amor é de mão dupla, creio que como todos os outros. Qual existe primeiro? Pois se um filho existe sem ter consciência na barriga de sua mãe, pra mim vale o amor consciente, da mãe que sente e percebe o filho. Por isso acredito, o primeiro amor é o amor de mãe. Desculpe, nas nem o pai pode sentir esse primeiro amor. Só nós, mulheres. Assim, o primeiro amor sugiro ser concluído como amor de mãe. O início de tudo. O amor da vida.

Sião:
- Pois bem, se queres invocar sua condição materna na cúpula que o faça. Mas quem garante que, ao anunciar um filho ao seu pai, não desperta o amor? Um pai não pode carregar o amor de seu filho, sem carregar o filho? Porque não o primeiro amor é o amor dos pais, ambos em sua felicidade.

Valentina:
- Pois claro que pode. Mas se estamos falando do primeiro amor, estamos falando de um primeiro despertar. E amor só desperta sentindo. E o primeiro é aquele de quem o sente primeiro. Logo, amor de mãe é o primeiro. Ou você acredita saber antes de uma mulher que seu ventre está repleto de vida? Só sente quem tem o que sentir. O amor da vida é o primeiro, e só pode ser sentido por uma mãe.

Ancião:
- Mas se existe um filho, existe um amor de seus criadores. Ele é anterior ao amor de uma mãe. Assim como uma mãe também foi filha e amou antes ainda de que seu marido, seus pais, irmãos, família... qual amor é o primeiro, pensemos.

Sião:
- Creio que aqui há um dilema inicial, solicito que os contrapontos se manifestem.

Cassius, contraponto mais velho diz:
- Acho que a relevância dessa discussão é definirmos o amor. Qual vem primeiro é apenas uma forma de classificar tipos de amor, como foi colocado, para não deixar nenhum de fora, porque assim começamos. E se começamos deliberadamente tentar entender o amor, tomemos isso como exemplo para nossas conclusões. Um ser só pode amar quando tem consciência do amor. Assim como estamos conscientes agora. Então se estamos falando de amar consciente, e se a consciência nos é apresentada na infância, acredito que o primeiro amor é o amor de uma criança por quem a cuida, não necessariamente seus pais. Pois se essa criança não tem mais seus pais? Se eles morreram e a criação foi dada aos avós, ou tios, ou parentes. Essa criança não iria sentir o primeiro amor? Estaria privada de amar? Ora, claro que iria amar. Amor não escolhe, apenas sente, existe e passa de um para o outro.

Ancião:
- Pois essa foi uma questão bem levantada. Se existe outra opinião, contrária ou complementar que se manifeste. Pois precisamos avançar. O tempo pede.

Wagner, contraponto eleito pelos ouvintes:
- Não quero discordar. Quero clarear. Se o amor só pode ser amor quando se tem consciência sobre ele. Creio que o primeiro amor não é de pai, de mãe, de filho ou de qualquer outro ser. O primeiro amor é o amor consciente. Seja lá quando ele desperta.

Ancião:
Pois voltemos ao zero. Se seguir seu pensamento, não temos mais tipos de amor. Temos um apenas, o amor consciente. Pois me parece que todos afirmaram que só ama quando se tem consciência. E a consciência do amor. Será que o amor é único então?

Valquiria:
Posso refletir mais, por hora, creio que não sinto o mesmo amor por meu filho, do que por meu marido, do que por meus pais, do que por meus tios. Acho sim, que o amor tem tipos. Tem diferenças. E o primeiro amor é o de mãe.

Wagner:
Insistes num ponto que já adiantamos. Mas vamos refletir sobre ele para esgotar as possibilidades. E não apenas para convencer, mas para entender. Será que não estamos confundindo o objeto do amor, com o próprio amor? Pois estamos dando posse para o amor. Amor de mãe, amor de pai, amor de filho. Ora, será que o amor é um, e se manifesta diferente porque os objetos amados são diferentes? Pois se for assim, podemos acreditar que existem diferentes amados, mas só um amor. Que muda o sentir, depende de quem se ama. Como a água que se encontra o calor, evapora. Se encontra o frio vira gelo, se a temperatura é amena é líquida, talvez até evoluindo no pensar, se encontra o barro é lama, se encontra o mar é salgada. Mas é sempre água. Se apresenta de diversas maneiras, mas olhamos e extraímos água.

Cassius:
- Pois bem, concordo. Me fez concluir que o amor é único. E o único amor que podemos sentir é o amor consciente refletido no objeto amado. Pois esquecemos de classificar as reações do amor com seus amados, vamos falar o que é que tem essa reação comum em todas as formas. Acho que aí podemos definir o amor em sua essência e não em suas qualidades. Vamos ver de que água é feito o amor.

Ancião:
Sugiro uma pausa para realocar o pensamento. Reagrupar o que dividimos. E entender melhor para onde vamos.

Suppion

quarta-feira, 28 de outubro de 2009

Tem gente

Quando ela bateu à porta, ele respondeu "Tem gente". Mesmo assim, entrou. Olhou-o nos olhos, agarrou-o pelos colarinhos e despiu-lhe a carne humana, transformando-o num animal selvagem, bruto, musculado, carnívoro. Depois, domou-o, tornou-o frágil, doce, submisso. Não satisfeita, colocou-lhe uma trela... curta. E ele ficou preso a ela, babando de língua de fora, esvanecendo-se aos poucos até perder as garras e as mandíbulas.
Até deixar de ser animal.
Até deixar de ser gente, sem gente que lhe bata à porta.

domingo, 18 de outubro de 2009

Pergunta e resposta

A dúvida é amiga da solidão.
Não há um só ser que, quando não tem ninguém pra responder, se faz todas as perguntas.
Só, você tem a pergunta. Só, você tem a resposta.
Mas só você não vê, nem um e nem outro.
Calado no seu mundo, procurando o que está a sua frente.
No tempo e nos olhos. Num piscar ambos aparecem.

Suppion

quinta-feira, 8 de outubro de 2009

YES WE CAN


Conselhos no carro

Ontem a noite, voltei pra casa com o Chico...Buarque:

Não se afobe, não
Que nada é pra já
O amor não tem pressa
Ele pode esperar em silêncio
Num fundo de armário
Na posta-restante
Milênios, milênios
No ar

E quem sabe, então
O Rio será
Alguma cidade submersa
Os escafandristas virão
Explorar sua casa
Seu quarto, suas coisas
Sua alma, desvãos

Sábios em vão
Tentarão decifrar
O eco de antigas palavras
Fragmentos de cartas, poemas
Mentiras, retratos
Vestígios de estranha civilização

Não se afobe, não
Que nada é pra já
Amores serão sempre amáveis
Futuros amantes, quiçá
Se amarão sem saber
Com o amor que eu um dia
Deixei pra você

quarta-feira, 7 de outubro de 2009

Escolha difícil.

Na boca eu confio, sinto o quente, sinto o frio.
Já o olho eu desconfio, pois quer ver o quente, quer ver o frio.
E como pode alguém viver, vendo no ver o que é feito pra sentir?

Suppion

terça-feira, 6 de outubro de 2009

Escolha difícil

Quem é mais confiável: a boca ou o olho?

segunda-feira, 5 de outubro de 2009

Ainda as estrelas

As estrelas andam me perseguindo, aqui vem mais - do Mário Quintana:

Se as coisas são inatingíveis... ora!
Não é motivo para não querê-las...
Que tristes os caminhos, se não fora
A presença distante das estrelas!

Professor de verdade não ensina, inspira...

Entre as mil coisas que eu quero fazer, uma é tocar numa banda.
Sonho adiado a bastante tempo, quase realizado no começo do ano como tecladista - mas o destino quis deixar isso passar de novo.
Aí o destino reaparece com meu cunhado. Um músico de verdade. Talentoso.
Numa conversa num barzinho disse pra ele que queria tocar guitarra e ser vocalista. Ao contrário de todos, que riem da minha cara quando falo isso, ele pediu pra eu cantar. E disse que eu levava jeito.
Na mesma hora se ofereceu para dar umas aulas de violão. Eu aceitei toda feliz. Marcamos pro dia seguinte.
Achei que ele ia chegar com partituras, desenhos das cordas e me ensinar cada acorde. Fazer treinos de como usar a mão direita. Ir passo a passo. Primeiro você faz assim. Agora podemos passar para a próxima lição.
Qual não foi minha surpresa quando ele chega em casa. Com 2 violões. Uma palheta só pra mim. E apenas uma pergunta: "Que música você quer tocar?".
"Como assim?", pensei. Não é ele que vai me falar? Que vai indicar o que é mais adequado?
Não.
Escolhi. E ele tocou pra mim. Virou com um "teve sorte. Essa é a mais fácil deles".
Como toca? Como você quiser.
Tem que anotar? Não precisa.
E agora não tô seguindo partitura nenhuma. Tô seguindo só o que eu acho que tem que ser. Inventando coisas que nem sei se existem.
Os vizinhos devem estar adorando - porque fiquei até as 2:40h improvisando.
O que vai sair, ainda não sei. Sei que tá me fazendo um bem incrível!

sexta-feira, 2 de outubro de 2009

And it's the stars
The stars that shine for you
And it's the stars
The stars that lie to you

quarta-feira, 30 de setembro de 2009

Basta olhar

"Falamos muito hoje em dia sobre o desperdício de recursos naturais preciosos, como o petróleo e a água. Mas falamos pouco sobre o desperdício do recurso mais precioso, que é o ser humano"
Alain de Botton

terça-feira, 29 de setembro de 2009

O conflito é astrológico

Ultimamete está cada vez mais difícil administrar os conflitos aqui dentro. Um lado diz vai, um diz fica. Um lado é responsável, quer tudo certinho; o outro quer ir pra Austrália morar na van. Anda difícil, mas ainda assim divertido.
Agora entendi que a causa de tudo isso não sou eu. São os astros.
Olha a confusão que estou metida:

- Signo Capricórnio: TERRA. Testemunha do passado e construtor do presente. O Capricórnio simboliza a disciplina a serviço do projeto que sirva o bem coletivo, devotado às relações humanas. Signo de obrigações, deveres, costuma esconder o lado sensual e arcaico. Capricórnio resiste às frustrações, se submete às condições inóspitas para realizar um plano ambicioso de longo prazo e deseja ter o reconhecimento social de seus méritos. Seu jeito leal e determinado, seu temperamento confiável, sério e responsável, mostra segurança no que faz. Observador, Capricórnio despreza a bajulação e o servilismo e não cede ao seu orgulho ferido. Signo dos que governam, dos que projetam a administração pública, donos de um sangue-frio próprio dos estrategistas políticos, o Capricórnio está sempre no alto de uma montanha altíssima, de onde olha o mundo e sua feira de vaidades, que no fundo despreza. Em qualquer campo, Capricórnio tende a se destacar por seu nível de excelência em sua área, mesmo pagando o preço da diminuição do lazer.

- Ascendente em Aquário: AR. Antena do futuro que irradia a mudança. Seu raciocínio agudo e penetrante faz com que se torne presença indispensável onde a vida precisa acontecer com ousadia. Aquário capta tudo com extrema rapidez, antevendo o que ainda não foi criado. Impessoal, preserva sua liberdade a todo custo, fugindo de compromissos estreitos demais ou que ele sinta invadir sua privacidade. Aberto às inovações, nem sempre Aquário é fácil de mudar de ponto-de-vista. Errático, imprevisível. Informal, trata todo mundo da mesma maneira e assim pretende ser tratado.

- Saturno da Casa 7 (que não sei o que é, mas sei que é terrível)

- Horóscopo Chinês, Dragão: insatisfação permanente com tudo e com todos, natureza violenta e temperamental, capaz de atos impensados e temerários. Quem é de Dragão tem uma constante comichão na sola dos pés e não consegue ficar parado ou conviver com a rotina. O passado não exerce nenhum fascínio sobre eles, pois estão constantemente com os olhos presos no futuro. A inquietação de descobrir o que há mais além, amparada numa coragem e num temperamento aventureiro e forte, fazem deles desbravadores e pioneiros, jamais se intimidando com obstáculos ou empecilhos. Para o Dragão não existe a palavra impossível. Anima-o a esperança do objetivo vencido e a crença inabalável em sua própria capacidade, o que o torna um vencedor em todos os setores da vida.

Surpresas

As grandes alegrias vem daquilo que não esperamos. Na realidade, daquilo que nem sequer imaginamos.
A expectativa é uma grande "frustradora" da vida. Ela aparece e faz tudo parecer menor e sem graça.
Já quando a gente é pega assim de surpresa, dançando um tango sem nunca ter esperado por isso na vida, é mágico.
Carolina Campos

segunda-feira, 28 de setembro de 2009

Quiéreme Mucho

"Cuando se quiere de veras

Como te quiero yo a ti

Es imposible mi cielo

Tan separados vivir"

http://www.youtube.com/watch?v=e6V6icdrBeA&feature=related

Inspiração Cubana

"Musica sale del alma
y no tiene prejuisios
aunque manãna la lleven
frente a un paredon"

René Ferrer

48h em combinações improváveis

Cheiro da pinga
Tango no mar
Maracujá com limão
Violão sem escada
Fim sem despedida

Carolina Campos

Encontrei

Parti em busca das estrelas.
As minhas.
Encontrei.
E a elas se juntaram muitas outras,
de lugares nunca antes imaginados:
Cuba, Rússia, França, Antuérpia, Itália
Todas elas juntas, e eu me senti numa constelação
Brilhando. De novo.

Carolina Campos

domingo, 27 de setembro de 2009

Receita

Pegue um pedacinho de sonho, cubra com desejo, coloque um pouco de pimenta e deixe descansar por algumas horas. Depois, misture com uma pitada de carinho, acrescente duas ou mais taças de vinho e reserve com saudade. Junte tudo na lembrança, cubra com sorriso, acenda um cigarro e sirva com pequenos olhares para o teto.

Suppion

sexta-feira, 25 de setembro de 2009

Fugir pra ver o céu

Daqui a pouco saindo de São Paulo. E a felicidade que isso me traz é imensa.
Segundo meu pai, aqui é uma cidade sem horizonte.
Pra mim, é uma cidade sem céu.
É estranho, quando penso em céu, é um céu que não é daqui - é lá de Goiás ou de Ilhabela. Eu não tenho o "meu céu assim, de sempre".
Mas agora tô indo ver o céu - e achar minhas estrelas.


Estrela (Gilberto Gil)

Há de surgir uma estrela no céu cada vez que ocê sorrir
Há de apagar uma estrela no céu cada vez que ocê chorar

O contrário também bem que pode acontecer. De uma estrela brilhar quando a lágrima cair. Ou então de uma estrela cadente se jogar, só pra ver a flor do seu sorriso se abrir.

Carolina Campos

quinta-feira, 24 de setembro de 2009

Espelho

Não adianta disfarçar, você não vai me enganar.
Eu cheguei até aqui e descobri o seu segredo.
Tua força pede um braço para amparar teu medo.

Atrás da sua porta abre sempre um abraço,
só não abre teu enredo.
Que foi feito com amor, dor e desapego.
Em cada oi segue um adeus.
Em cada prece, ai meu deus.

Não adianta disfarçar. É doce o seu olhar.
Não adianta eu falar, só você pode enxergar.
Quero ser então um espelho.
Um simples espelho no quarto e no canto.
Que por um breve momento revela todo o seu encanto.

Suppion

quarta-feira, 23 de setembro de 2009

Incêndio

Ele não era narcisista. Quer dizer, também era, mas o que mais amava nele próprio não era o corpo, era tudo. Nutria uma forte admiração pela sua personalidade, gostava da forma como encarava a vida e a sua auto-estima era mais alta do que três vezes o Everest. Apaixonou-se por si próprio aos 12 anos, enquanto se masturbava pela primeira vez no lavatório da casa da sua tia. No momento do orgasmo, olhou-se no espelho e viu a sua face brilhando sob uma névoa de estrelinhas e purpurina. Sorriu bobo, com um olhar derretido e desde então que vivia feliz consigo, 24 horas por dia, numa relação que durava há já 7 anos.
Um dia, durante uma festa da faculdade e levado pela bebida, beijou uma colega de turma. Três dias depois convidou-a para jantar e passadas duas semanas começaram a andar juntos. Só beijinhos e nada de sexo, até ao dia em que arrastaram seus corpos famintos para o quarto de um motel. Lá, despiram-se e entregaram-se a um amor adolescente, robótico e duro, em movimentos que lembravam aqueles cavalinhos de pôr moedas, delírio de crianças à saída de shoppings. Estavam nisso há cinco minutos quando o olhar dele fixou o espelho. A rapariga estava de quatro, com o rosto tapado pelos cabelos suados e ele devorava-a com um tesão de lobisomem. A sua face gelou. Ele... ele estava com outra. O homem que ele tanto amava, o homem a quem tinha dedicado 7 anos de entrega incondicional estava a trair-lo. Ali, à sua frente, sem o mínimo de respeito, ou peso de consciência.
Cego por um maremoto de ciúmes podres com epicentro nas entranhas, enraivecido por uma revolta putrefacta, agarrou-a pelos cabelos e num movimento carnívoro e psicopata partiu-lhe o pescoço, extraindo dela um último gemido, que foi ainda de prazer.
Desvairado, com a saliva a efervescer na sua boca, largou aquela marionete humana inerte e aproximou-se do espelho. Seus olhos de suor e lágrimas, entreolharam-se. Parou por um instante, ofegante pelo sexo e pela fúria, agarrou no extintor do quarto e numa pancada forte, seca e mortífera, extinguiu as labaredas de ódio que alastravam pelas suas veias e crânio.

terça-feira, 22 de setembro de 2009

Não passa

Porque todas as pessoas quando passam, vão
mas você, quando passa, fica.

Carolina Campos

segunda-feira, 21 de setembro de 2009

Olhos

Os teus olhos te entregam, do passado ao futuro.
Quando miro lá no fundo, faço um furo no teu mundo.
Vejo tudo claro, mesmo sendo tudo escuro.
A menina dos seus olhos são seus olhos de menina.
Que não sei bem porquê, não consegue ver,
a beleza que desses olhos ilumina.

Suppion

Vai falar que não é lindo?

Sou fã do seu jeito
Sou fã da sua roupa (!!)
Sou fã desse sorriso
estampado em sua boca

Sou fão dos seus olhos
Sou fã sem medida
Sou fã número 1
e com você sou fã da vida

da dupla sertaneja Christian & Cristiano
(eu estou virando um perigo com essa Tupi FM)

Não adianta fugir...

o que tem que ser não será.
O que tem que ser, é.

sexta-feira, 18 de setembro de 2009

Estampada

Sempre gostei de ser uma pessoa clara. Transparente.
Ultimamente tem me cansado um pouco.
Chego para trabalhar. Digo o "bom dia" com o sorriso de sempre. Sento. Ainda estou digitando a senha quando a pessoa do meu lado diz "quer tomar um café?". Vou. Pego o café. E antes de qualquer frase vem a seguinte pergunta: "O que houve? Tá tudo bem?".
Minha cara sempre me entrega.
Não há o que fazer contra isso.

Carolina Campos

quinta-feira, 17 de setembro de 2009

A gente nunca sabe onde vai acabar

Quinta-feira. Primeiro cigarro do dia. Umas 11:30h da manhã.
Saio. Agora só na calçada. O que no fim tem sido um experiência interessante - muitas conversas novas.
O segurança está na porta. Como não consigo ficar quieta, paro do lado dele pra conversar.
As conversas já foram muitas, mas a de hoje foi especial.
Começou do jeito de sempre. A frente fria. Amanhã já é sexta-feira - a semana passou rápido, né?
Entramos num conversa de trabalho - o dele, no caso. É segurança. Trabalha num esquema de folgas diferente (pra mim, mas completamente normal pra ele). Trabalha 6 dias direto, tem 2 de folga. Com isso, tem semana que a folga cai na segunda e na terça, depois na terça e na quarta...e aí vai, até cair no final de semana. Segundo ele é ótimo - pois dá pra resolver muito problema.
Ser segurança deve ser difícil. Ele diz que lá isso é, mas que todo trabalho é difícil.
Ele já trabalhou a noite. Mas não gosta - "a gente é feito pra dormir de noite". Já trabalhou em balada - foi divertido, mas tinha muito bêbado que chogava champagne nele, arremessava latinhas, e ele via coisas que não pode me contar (por que eu sou uma moça de família). O mais difícil de trabalhar em balada: os bêbados, presumo. Não, as mulheres. Elas tentam beijar a força (mas a força com segurança de 2,10m não costuma funcionar).
Já trabalhou em escolta armada. Não tinha certeza se eu sabia exatamente o que era. Mas é isso: entrar naqueles Uninhos e sair a 5km/h atrás de um caminhão - de SP para Porto Alegre, de SP pro Rio de Janeiro. Foi ótimo para conhecer o Brasil.
Aí ele se aproxima. Aproxima bastante. Não entendi o que estava acontecendo. Depois de chegar bem pertinho, ele fala:
- Sabe qual foi a coisa mais estranha que eu já fiz? Escolta eleitoral.
ESCOLTA ELEITORAL??????????
Sim, um prefeito de uma cidade do interior da Bahia mandou encher 6 ônibus aqui em SP. Foram todos com escolta - mais de 12 horas de viagem. Foram pra lá de Vitória da Conquista.
Chegaram, votaram e voltaram.
Eu indignada, sem acreditar que isso acontecia ainda. As veias do pescoço já saltando.
Aí ele termina a história:
- E sabe o que foi o melhor? Ninguém votou nele. Todo mundo votou no outro candito. Pensam que o povo é bobo...
Pois é. Aos poucos as coisas vão mudando, mesmo que persistam.

Dentro de dentro.

Um vinho, um copo.
Um copo, uma mão.
Uma mão, outra mão.
Outra mão, uma sensação.
Uma sensação, uma emoção.
Uma emoção, um pensamento.
Um pensamento, uma idéia.
Uma idéia, um sonho.
Um sonho, uma paixão.
Uma paixão, um amor.
Um amor, dois corações.

Suppion

Sou

Sou um, sou dois, me vejo em muitos.
Sou amigo, sou inimigo, estou em guerra.
Sou positivo, sou negativo, fico neutro.
Sou crente, sou descrente, sinto a vida.
Sou racional, sou irracional, agarro a liberdade.
Sou amor, sou ódio, me vejo dividido.
Sou dia, sou noite, me encontro.
Sou cheio, sou vazio, fico no meio.
Sou nada, sou tudo, fecho os olhos pra sonhar.

Suppion

quarta-feira, 16 de setembro de 2009

Mãe sabe

- Mãe, como é? O que precisa para ficar 40 anos com uma pessoa ao seu lado e ser tão feliz?
- Só precisa de uma única coisa: ADMIRAÇÃO.

Não sei se é para todo mundo. Mas sei que é genético.

Carolina Campos

Dormir x Cochilar

Essa só vai entender aqueles que gostam de dormir. Não estou falando de quem dorme bem, ou dorme muito, estou falando de quem gosta de dormir.

Tem gente que gosta tanto, que é capaz de soltar essa pérola que ouvi outro dia. “Gosto tanto de dormir, que tiro um cochilo antes e um depois de dormir”.

Eu era da espécie que não gostava de dormir. Mas sempre dormi como uma pedra. Meu despertador era o mais potente da casa – um urso maldito que tocava uma marchinha altíssima. Ainda assim, achava dormir a maior perda de tempo.

Só passei a gostar depois que eu perdi o sono. Sabe aquela história de que você só percebe que ama alguém quando perde? Acho isso a maior asneira que eu já ouvi. Continuo achando. Mas no caso do sono, funcionou pra mim. Depois que eu perdi o sono, passei a amá-lo.

Enfim, estou mudando o rumo da conversa. O que queria dizer não era nada disso, nem precisava deste preâmbulo todo. Voltando lá pra cima, pro “amo tanto dormir que tiro um cochilo antes e um depois de dormir”. Isso rendeu conversas, rendeu risadas.

Até que ele vira e fala, amor é dormir. Paixão é cochilar.

Amor é dormir? Paixão é cochilar?

Dormir, como o amor, é algo que você sabe que tem, que sabe que vai ter. Algo que você se programa, põe o pijama, escova os dentes. Tem rotina. É tranqüilo.

O cochilo é algo que você nunca sabe quando vem – exatamente como a paixão. Você não controla. Um cochilo pode ser no meio da tarde, pode ser sentado vendo um filme, pode ser até no meio de uma reunião. Geralmente você não está esperando. E vc nunca sabe quanto tempo vai durar – mas uma coisa é certa, dura pouco – senão dá um grande mau humor. Você também não tem idéia de onde vai acontecer. Pode ser no sofá, todo torto, com o pescoço caído pra trás. É desconfortável. Adormece o braço. A perna.


Moral da história: eu tenho cochilado muito pouco ultimamente, e gosto de dormir cada vez mais.

Carolina Campos

Ficou

Cada um sai de lá levando alguma coisa.
Pra mim, o que ficou foi simples assim:
"Existem certezas que são anteriores à razão".

Carolina Campos

terça-feira, 15 de setembro de 2009


Fisiologias

- felicidade engorda

- tristeza emagrece - e muito!! Uns 5kg por semana.

- quanto mais apaixonada, menos horas o corpo precisa pra dormir - mas por outro lado, saudade dá um sono danado

- depressão faz as unhas pararem de crescer

- amar faz o cabelo ter menos frizz

- sorrir muito dá fome (ixe! É por isso que felicidade engorda?)

- o stress chega primeiro no estômago que em qualquer outra parte (é a gastrite que costuma avisar o cérebro: "se liga, cara")

- animação ou empolgação ou excitação aumenta a bexiga

- medo diminui o pulmão

Carolina Campos

Segredo

Segredo é brincar de esconde-esconde com você mesmo.
Não tem graça, você pensa que esconde,
mas depois você acha.

Suppion

Disfarce

Não tem encanto no disfarce.
Seja sincera, não comigo, que já conheço essa face.
Abra essa porta, chega de despedida.
Eu não ando mais nessa ferida.
Se alguns chamam de morte, eu chamo de vida.

Suppion

segunda-feira, 14 de setembro de 2009

domingo, 13 de setembro de 2009

O rio.

Tem um rio lá em casa, que passa sempre devagar.
Outro dia fiquei pensando.
Esse rio leva a algum lugar?
Não sei se a água sobe, se a água desce.
O que sei é que ele aparece.
De noite, um sussurro anuncia, muita água nessa via.
De dia, um suspiro que aspira, toda água que se via.
Não tem peixe, não tem beira, não tem pedra, não tem nada.
É só um rio cristalino que brota sem destino.
Faz a curva que quiser, molha tudo que puder.
Sua calma se transforma na tormenta que deforma.
Sua nascente é na alma e seu mar a solidão.

Suppion

quinta-feira, 10 de setembro de 2009

Algo que ela sempre quis

Ele tinha algo que ela sempre quis.
Deve ser por isso que eles se encontraram. Ou melhor, se viram. Porque encontrar ela encontrava um monte de gente, só que não via ninguém.
E ele tinha algo que ela sempre quis.
No entanto não era só isso. Tinha graça, tinha uns olhos que saiam faíscas, tinha um jeito diferente de sorrir.
Mas acima de tudo, tinha algo que ela sempre quis.
Por ironia do destino, ele apareceu e sem querer, talvez até mesmo sem saber, acabou dando isso para ela. Deu para ela aquilo que ela sempre quis. Deu e foi embora.
A questão é que agora ela está lá. Tem aquilo que ela sempre quis. Mas não sabe o que fazer com isso. É bom, mas não é dela.
Ela precisa devolver. Devolver para ele. Devolver aquilo que ela sempre quis.
Cai melhor nele no que nela. Ela sabe disso.
Só que ele está procurando isso em outro lugar. Não sabe que ela ficou com aquilo que ele sempre teve e sempre quis mas não tem mais. Acha que perdeu isso pra sempre.
Mas ele não perdeu nada. Porque ela guardou.
Está lá. Está guardado com ela. E ela está cuidando bem.
Porque sabe que um dia vai devolver isso pra ele. Vai devolver para ele o que ela sempre quis, o que ele sempre teve.
Aí os dois serão felizes. Porque serão completos.
Carolina Campos

quarta-feira, 9 de setembro de 2009

Das coisas que mudam... mas a gente nnao gosta.

Lembrei agora de um cobertorzinho que eu não largava quando era pequena. Daqueles que as crianças arrastam pela casa, como um grande companheiro.
O bichinho era sujo de dar dó, porque eu não deixava lavar. Ele não podia mudar seu estado seguro. Tinha de ficar ali comigo. Daquele jeito mesmo.
Mas um dia, minha mãe, muito asseada que é, resolveu lavar o nojinho, escondido de mim.
Ele voltou da máquina tão lindo e tão limpo, que parecia novo de novo.
Só que não era mais o meu cheirinho.
Ficou lá... branco e dobrado em cima do bau.

Domingo

Tudo estava cinza, junto da casa vazia, da cama vazia, da alma vazia.
O barulho da tv era mudo, como o cachorro, o telefone e a rua lá fora.
Até no caderno só se via o branco das páginas.
De vivo mesmo, um único coração cismado em bater acelerado.
Era só mais um domingo chuvoso.
AC

E se...

E se eu te desse aquilo tudo?
Se fizesse seu sonho a maior das realidades?
Sim: eu seria você, não nós.
AC

Meu primeiro amor

Foi por volta dos 3 anos de idade. Me apaixonei perdidamente por você.
Como todo amor, esse também só podia ser cego. Sem explicação. Sem motivo. Até sem nexo. Você não tinha nada a ver comigo. Minha família não aprovava muito esse relacionamento. Também não se opôs – pois eles são assim: se eu tô feliz, eles também estão. Mas eles não entendiam daonde vinha tanta admiração, tanto sentimento.
Durante mais de 10 anos meu amor por você foi platônico. Só te via de longe. Só te via pela TV. Esperava o ano inteiro só para te ver passar. Invariavelmente chorava todas as vezes que te via. Meu coração disparava, meus olhos brilhavam. Torcia por você desesperadamente.
Quando tinha 15 anos, levada pelas mãos do meu pai, fui te conhecer pessoalmente. Foi ele que me entregou para você. Esse foi um dos dias mais especiais da minha vida. Chorei rios de lágrimas - de alegria de estar junto de verdade de você.
Já se vão quase 30 anos de amor incondicional. Amor como eu acredito que amor é. Amor eterno.
Pensar em você me faz bem. Estar com você me traz uma felicidade sem tamanho.
Ao seu lado, sou sempre assim:


terça-feira, 8 de setembro de 2009

O lençol branco

Não duvides de minhas palavras, pois elas são as únicas coisas que podem te tocar. Por isso escrevo-te, pensando que possuo o que não me pertence. Em cada sílaba um beijo imaginário, que depois de tanto beijar parecem corpos nus sobre o lençol branco. E quando os corpos se entrelaçam não adianta fugir, a entrega está feita, o amor revelado. Mas não me importo, pois entre quatro linhas vale tudo.

Suppion

Chance or Choice?


sexta-feira, 4 de setembro de 2009

Alguém já olhou pra Lua hoje?

Tendo a lua aquela gravidade aonde o homem flutua,
merecia visita não de militares, mas de bailarinos
e de você e eu.

quinta-feira, 3 de setembro de 2009

quarta-feira, 2 de setembro de 2009

Exatidão

A ciência humana é exata, o que não é exato é o objeto de estudo.
Suppion

terça-feira, 1 de setembro de 2009

Exatidão


Por que as ciências humanas também não podem ser exatas?

Carolina Campos

segunda-feira, 31 de agosto de 2009

No MSN

"As vezes o que a gente tem é bem melhor do que o que a gente quer ter."
Será?
Carolina Campos

País Tropical




É incrível como tudo fica muito melhor
quando o céu está azul
e o sol está brilhando.




Carolina Campos

Pra você

Se eu fosse poeta
não haveria noite,
não haveria dia,
que eu não te escrevesse
uma poesia.
Carolina Campos

quinta-feira, 27 de agosto de 2009

Se as bocas estão secas
e as mãos estão molhadas
ou é o fim
ou é o começo
Carolina Campos

Sinônimo de mar é tufão

Perguntada na feira literária qual a palavra que eu mais gosto, passei dias a pensar. Me angustiou não saber a resposta na ponta da língua. Analisando percebi que a escolha era difícil pois invariavelmente misturava a palavra ao seu significado. E aí me vinha "mar" a cabeça - talvez "amor". Mas definitivamente "mar" como palavra, não gosto. Depois de dois dias pensei: a palavra é "tufão". Gosto. Gosto de falar. Tufão. Tufão.
Ainda me pergunto se o significado não influencia - "tufão" como tufão não me agrada, mas "tufão" traz vento, traz céu e pra mim não sei por que, lembra cavalos.
Aí resolvi simplificar. Pra mim a palavra "mar" seria "tufão". E não seria "o tufão" nem "a tufão". Sempre sem artigo. Bissexual e assexuado.
Carolina Campos

Só, eu.

Amo teu amor, da forma à essência. Beijo o sonho, beijo a vida e que vida tenho para beijar. Nos meus braços tocaria, o teu cheiro sentiria. Na tua cama dormiria, antes mesmo de acordar. Não sei medir essa distância que só a minha mente alcança. Como um sonho eu diria, sem sentido só lembrança, veio, volta, vai para voar. Não adianta te amar com um mundo apertado, pula-pula de criança e que brinca de gostar. Um dia vou te encontrar. Vou mirar pela janela, vou sentir você entrando para um beijo me roubar. Vou saber que a nossa história, só eu posso contar.

Suppion

terça-feira, 25 de agosto de 2009

Verdade verdadeira

Estou cansada de tudo que é de mentira.
Trabalhos de mentira.
Relações de mentira.
Histórias de mentira.
Sensações de mentira.
Amizades de mentira.
Tem até verdade que é mentira.
Preciso de verdades. Mas só verdades verdadeiras.
Carolina Campos

Ponto de vista

Simplesmente não dá pra simplificar o que haveria de simples nessa história.
Arroz com feijão é simples. Tá certo.
Mas quero ver fazer com aquele gostinho de fogão a lenha.
Antoniela Canto

Verão

Sol, sal, suor e cerveja. 
saudade dessa sincronicidade.

segunda-feira, 24 de agosto de 2009

Pensando em amor...

3 coisas roubadas do blog da Ana (de novo):

“o amor sublime é amor de escolha e, portanto, amor de liberdade. É união com base em afinidades eletivas e, portanto, uma aliança A FAVOR, e não CONTRA , o vôo de cada um pela vida”. Maria Rita Kehl

“- Teria sido melhor voltares à mesma hora, disse a raposa. Se tu vens, por exemplo, às quatro da tarde, desde às três eu começarei a ser feliz. (...) Mas se tu vens a qualquer momento, nunca saberei a hora de preparar o coração..." O Pequeno Príncipe

"Na verdade, não falo do amor porque ele é um ponto de chegada, um porto de repouso. Quem ama encontrou e se encontrou. Falo da paixão, que é a procura. Quem está apaixonado está em busca do ponto de equilíbrio. O desejo é a falta. Por isto mesmo, a paixão é o exercício de uma busca. Encontrar é ter de partir para outro lugar. A paixão não é feita de realidade, senão que de imaginação."

Casa Nova

Quando ela abriu a porta do apartamento achou tudo muito estranho. Nada havia mudado. Nem os quadros, nem as paredes, nem os móveis. Nem o cheiro, nem as fotos. Nem as plantas na varanda. O que havia mudado era ela.
Carolina Campos

quarta-feira, 19 de agosto de 2009

metais

- Às sete, no meio da ponte sobre o lago do parque.
Combinaram o encontro assim: por telefone, com a voz cansada e silenciosa. Fazia semanas que eles não andavam bem. O silêncio havia tomado as longas e animadas conversas de outrora, os sorrisos, as gargalhadas, os inúmeros toques de telemóvel durante o dia. Restava apenas um vazio e a certeza de que era o fim. Por isso, ele não disfarçou a tristeza na voz quando lhe ligou. Por isso, ela não fez perguntas e por isso, no desejo secreto de terminarem tudo num lugar bonito, concordaram “Às sete, no meio da ponte sobre o lago do parque”.
Chegaram a tempo e ao mesmo tempo. Cabisbaixos, pálidos, vindo de lados opostos da ponte. Cada um com seu monólogo na ponta da língua. Cada frase pensada à letra, cada parágrafo pensado à frase, num discurso reproduzido em pensamento vezes sem conta, na cadência nervosa de cada passo dado. Quando se olharam, a menos de um metro de distância, exatamente no meio daquela ponte sobre o lago, não disseram nada. Em meio segundo, como se ele se tornasse ferro e ela ímã, seus corpos rasgaram o ar com força e caíram nos braços um do outro. Caíram na pele e nos lábios um do outro. Caíram da ponte, quebrando o espelho líquido que os refletia.
Ali, encharcados de água e saliva, submersos pelo fogo de carnes e ossos, entregaram suas línguas à dança, num ritmo que foi fundindo as frases que cada uma trazia na ponta.
A “Não sofro mais por pensar em te perder.” dele e a “Meu coração gelou.” dela, tornaram-se numa só e de ambos: Sofro e meu coração gelou por pensar em te perder.
A “Adeus” dela e a “Tenho que dizer que não te quero ver nunca mais” dele, tornaram-se: Nunca mais te quero dizer adeus.
E enquanto seus corpos entrelaçavam o texto de suas falas, num daqueles beijos que fazem desaparecer o mundo em volta, eles não se deram conta do mergulho no lago, nem da falta de ar, nem do facto que ficariam no fundo para sempre, porque ele se tinha tornado ferro e ela íman.

segunda-feira, 17 de agosto de 2009

Mandacá – Capítulo 4

Numa disparada cortou a avenida em direção ao passado, ao futuro, ou apenas ao moleque de farol. Não via nada, não sentia nada. De repente, um som ao seu lado cortou seu transe. A freada era tudo que precisava para parar sua agonia. Caiu. Seu corpo agora estava à deriva: no mar da vida ou da morte. Ana, ao volante, estava paralisada. O que foi que eu fiz?

(Quem quiser, mandacá o próximo capítulo)

sexta-feira, 14 de agosto de 2009

Mandacá. Capítulo 3

Ele acelerou. Puto da vida com esses caras de farol. Acelerou como acelerava a sua vida. Sem prestar atenção nas coisas. Quinze bolas? Filha da puta! Como ele conseguia? No seu tempo, aquele que ele tinha passado uma borracha, ele manejava 5. E se achava o máximo com sua calça boca de sino e seus cabelos compridos. O outro farol mostrava o vermelho, depois o verde. As buzinas tocavam atrás dele, mas ele não tirava os olhos do palhaço. Do passado. Dele mesmo. Deixou o carro onde estava e foi atrás dele. Ou do moleque, tanto fazia.

Mandacá. Capítulo 2

Prontamente, do lado de fora do pára-brisas, instalou-se um artista de rua. O espectáculo do costume. Ou nem tanto, como o ele haveria de confirmar. O rapaz de nariz de palhaço pegou em 15 bolas e iniciou uma apresentação nunca vista. Lançava as bolas bem alto numa elipse perfeita e as suas mãos moviam-se como hélices de helicóptero. De dentro do seu carro, hipnotizado, Alberto acelerou.
(Continua Fê Machado)

quinta-feira, 13 de agosto de 2009

Mandacá. Capítulo 1

Alberto caminhava pela rua, passos lentos, rápidos pensamentos. Não acreditava no que estava acontecendo. Era muita coisa para um dia só. Muita coisa para um homem pacato de 40 anos. Não tinha idade para aquilo. Talvez a vida estivesse no meio, talvez no final, talvez um ataque fulminante do coração acabaria com tudo naquela hora. Mas não era hora pra pensar nisso tudo. O importante era chegar em casa pra raciocinar com mais calma. Parou no farol.

(quem quiser, mandacá o próximo capítulo)

Mandacá.

A primeira novela da internet brasileira. Se não for a gente acredita que é. Mandacá vai funcionar assim, cada autor vai escrever um capítulo, se possível de um dois parágrafos, no final do capítulo ele pode indicar ou não alguém pra escrever o próximo. Se indicar, a novela só continua depois do post do(a) autor(a) convidado(a). Se não indicar, quem chegar primeiro come o bolo inteiro. Vou começar. Se isso for bobagem, ninguém mandacá nenhum texto, a gente acaba a novela, dispensa os atores e fecha a emissora.

Suppion

terça-feira, 11 de agosto de 2009

segunda-feira, 10 de agosto de 2009




DOIS/bertuol

sexta-feira, 7 de agosto de 2009

Amigos fazem a vida sorrir (ou no meu caso chorar)

Cada vez mais estou entendendo o que os amigos são capazes de fazer com a gente. E a cada dia me convenço que não tem nada melhor na vida, nada que faça a existência por aqui valer tanto a pena. Tudo é tão efêmero hoje em dia. Ainda bem que as amizades não são.
Hoje recebi um e-mail que fez me chorar. O e-mail era de uma "senhora" de mais 60 anos, transbordando de alegria e agradencendo um a um (inclusive eu) pela presença em sua casa ontem. Ontem não era aniversário dela, não era Natal nem Ano Bom. Era uma festa de comemoração pelos 5 anos das "quintas-feiras". E as quinta-feiras são os encontros que ela promove, toda semana, faça chuva ou faça sol, vá todo mundo ou não vá ninguém, na sua casa. E vai amigo, vai amiga, vai filho, vai filha, vai amiga da filha (no caso eu) e é sempre incrível.
Ontem era um dia especial. Então além das bebidas de sempre, das comidas deliciosas, no meio da festa aparece um globo - colocado no meio da sala. Era mais de meia noite quando ela apagou as luzes da sala, aumentou o som (tocando Ney Matogrosso) e todo mundo começou a dançar. Mais animado que uma noite no Studio SP. Eram 15 pessoas queridas rindo, bebendo e dançando - num espacinho entre a mesa e o sofá. E ela parecia uma adolescente de 15 anos - dando gritinhos, abraçando todo mundo, tirando fotos o tempo inteiro. Agora, há 5 minutos atrás, recebi o e-mail de agradecimento. Começava assim: "Amigos mais-que-queridos, ainda estamos em festa!!!!!! Não conseguimos falar em outra coisa hoje. Foi bom demais!!!!!" - com muitas exclamações, porque ela é assim. E aí ela foi agradecendo um por um. A minha parte, que começava com "Carol, a maior contadora de histórias vivas que conhecemos", me fez chorar.
Chorar por eu ter ela. Uma inspiração.
Chorar por eu ter vocês.
Chorar por eu ser um contadora de histórias.
Chorar, porque eu choro sempre que fico feliz!

É proibido fumar

Alguém tem o e-mail do Serra?
Agora ninguém pode mais fumar em lugar nenhum. Hoje na agência fui informada que tenho que fumar na rua. O fumódromo foi desativado porque tem teto.
Ok. Fumar na rua. Ok.
A questão é: e os cinzeiros? Já que todo mundo só pode fumar na rua - seja na porta do trabalho, do bar, da balada - quem é que vai providenciar os cinzeiros?
Cada lugar deve por o seu? A prefeitura vai colocar nos postes? Ou será que agora a gente vai ter que andar com cinzeiros no bolso?

quinta-feira, 6 de agosto de 2009

Matteo

Sua história foi assim,
do jeito que o destino descreveu.
Num sorriso, sua vida, outra vida preencheu.

Não importa o futuro.
Teu futuro agora é meu.
Não importa o que passou.
Meu amor agora é teu.

Uma coisa eu adianto,
nesse mundo não há canto
que abafe o teu pranto.

Seu um dia precisar,
na terra que pisar,
grita meu nome.
Mesmo distante eu vou chegar,
com força, minha mão vai lhe agarrar.

Deixo aqui um conselho.
Hoje e o tempo que passar,
não deixe, nada, seu sorriso apagar.

Cresça. Por mim. Por você.
E se uma benção eu lhe dei,
outra grande Deus me deu:
você e eu.

Suppion

Quem cala consente...

...e quem fala, com sente.

quarta-feira, 5 de agosto de 2009

terça-feira, 4 de agosto de 2009

Público

Hoje li uma frase do Lima Barreto que diz que o Brasil não tem povo, tem público. É verdade. E faz tempo pelo visto.
Ontem o Collor manda o Simon "engulir", o Sarney continua lá, o Lula diz que não tem nada a ver com isso.
Ninguém faz nada.
Nem eu!
Realmente, isso aqui não é povo não, é só público.

Carolina Campos

segunda-feira, 3 de agosto de 2009

Infinita miragem

Se o teu corpo mostra tudo, seus olhos nada diz.
Se a tua vida tem um sonho, sua cabeça não condiz.
Se a tua mão agarra o mundo, seus pés voa feliz.
Por que então me mirar assim?
Se não posso seguir teu rumo,
outro rumo arrumo pra mim.

Suppion

Alguém

Quem é alguém pra dizer pra alguém,
que alguém é ninguém.
Quem é alguém pra mostrar pra alguém,
o valor que alguém tem.
Quem é alguém pra amar alguém,
num eterno vai e vem.
Quem é? Alguém.
No fundo e nesse mundo,
ninguém é de ninguém.

Suppion

Ser Intensa

Podia ser diferente,
mas eu escolhi assim.
Entre sonhar ou não dormir,
eu escolhi sentir.
Entre calar e não falar,
eu escolhi dizer.
Entre amar ou não viver,
eu escolhi sofrer.
Intensidade pra mim é a única verdade.
Escolhi ser assim_pra mim
So te espero me querer_pra você.

Carolina Campos

Desabafo

Resolvi que a partir de agora, vou assinar os meus posts.
O Suppion me provocou - falando que era medo. Eu ainda acho que era segredo.
Enfim, eu sempre escrevi pra mim. Nunca escrevi pros outros. Nunca pensei em ser escritora, poeta, escrever um livro e ser aclamada (ou detonada) pela crítica. Só escrevia pra mim mesma. Acho que por isso sempre teve tanto estranhamento em mostrar isso para alguém.
Escrever para mim é que nem remédio. Quando dói mais, preciso mais - recorro mais. Quando não tá doendo, até esqueço de tomar.
Aí nasceu a idéia do blog - e pela idéia, não fazia sentido algum eu ficar postando aqui coisas do Vinicius. E eu adorei a idéia. Sempre quis fazer saraus na minha casa - pena que eu não tenha a casa do sarau (com espaço, piano e até um gato). Enfim, como adorei a idéia, quis participar. Mas sem coragem de me identificar (apesar de quase todo mundo saber que era eu).
E ontem a noite, as 4:30h da manhã, depois de voltar do aeroporto despachando minhas filhinhas pro Peru, me senti confortável e feliz com isso tudo mudando aqui em mim. E resolvi assinar.
Suppi e Fefet, obrigada por terem criado essa história toda e mudado tanto em mim. Tchê, te agradeço por me acolher. Hugo, te agradeço pela inspiração. Mareu, obrigada pelo comentário num texto que escrevi - foi a primeira vez que "ouvi" alguém dizer algo sobre o que eu escrevo, e me deixou feliz. Sem dúvida foi o que mais me encorajou. E Toty...obrigada por existir! Porque se não fosse por você, eu não estaria aqui no meio dessa gente toda. Feliz.
Carolina Campos, agora assinando

domingo, 2 de agosto de 2009

Dor

Preciso de dor. 

Todo mundo reclama de dor. 

Mas precise de dor.

Adoro a dor.

E sabem todos de que dor eu falo.

Para quem não sabe eu digo  baixinho: 

é a dor boa. 


sexta-feira, 31 de julho de 2009

A Praça

Ela era assim: tranquila.
Muitos passavam por lá. Poucos ela acolhia.
Tinha subidas e descidas, grama bem verde e muito sol. 
Mesmo no frio era quente.
Música também tinha, mas só quando alguém resolvia tocar... e cantar.
Tinha noite bem escura e solidão.
Mas os Ipês brancos apareciam e os medos sumiam.
Tinha horizonte. Tinha esquecimentos e momentos.
Afagos, passeios e apertos... no coração, nos peitos, de todos os jeitos.
Tinha rima barata, a praça. Que sempre combinava com graça.

quinta-feira, 30 de julho de 2009

...

Paciência passou longe.
Mudanças passam perto.
Tédio, compulsão, chocolate.
Engata a primeira. Morreu o carro.
Geladeira cheia conforta.
Um cigarro aqui. Esqueci a cerveja.
Fiquei no anti-qualquer-coisa.
Insegurança, medo, batalha. 
A cesariana deixa a gente com preguiça.
Espera-demais-Faz-de-menos.
Cadê o pão nosso de cada dia? Eu perdi?
Juro que tô tentando.
"Esperançando" pela vida. Sempre.
Desistir?
Acho que não. Já tô aqui mesmo.
Quero simplesmente ser... o que quer que seja isso.

Pensamento poético

Ninguém mente com a coluna ereta.

...

Às vezes escrevo por escrever.
Às vezes escrevo para lembrar.
E às vezes escrevo pra esquecer.

O Dia Múltiplo

"Dia galopante e parado,
dia passado três dias antes,
brilhante, ofuscado oásis,
deserto desejado, completo
dia-quase. Tumulto e feriado.
Hoje foi escancarado:
todo o dia estive oculto.
É dia de gandaia e pausa
e aplauso, mas o dia me vaia.
O dia é um presídio libertário;
de aniversário e suicídio
é feito o dia".

Jorge Emil

Roubado do Blog da Ana Paula:

Convenhamos: o ser humano é extremamente perdido - não sabe de onde veio, para onde vai, perde os seres que ama, é esmagado por um destino que não controla e por um Universo que lhe é indiferente. (Luiz Felipe Pondé)

quarta-feira, 29 de julho de 2009

Foi

De tudo que fiz, meu melhor feito,
foi aquilo que não pôde ser desfeito.

De tudo que sorri, onde mais me diverti,
foi aquilo que nunca esqueci.

De tudo que errei, o que mais me arrependi,
foi aquilo que não aprendi.

De tudo que falei, o que mais me tocou,
foi aquilo que só eu ouvi.

De tudo que andei, onde mais caminhei,
foi aquilo que eu não conquistei.

De tudo que pensei, o que mais guardei,
foi aquilo que sonhei.

De tudo que aprendi, o que mais compreendi,
foi aquilo que vivi.

De tudo que vivi, o melhor que senti,
impossível dizer, pois ainda não parti.

Suppion

Para Mario Quintana

Eu queria mesmo que tu fosses passarinho.
Pra voar, voar, voar...mas depois voltar pro ninho.

Carolina Campos

terça-feira, 28 de julho de 2009

Vergonha

Vergonha é o medo pintado de rosa.
Tá na cara e só você não vê.
Não porque tem vergonha,
mas porque tem medo.

Suppion

bochecha rosinha

Querido, estou grávida. Querido não, porque se não vão achar que isso é ficção e é a mais pura realidade. Hoje em dia ninguém chama mais marido de querido. Só os filmes e os livros o fazem. Voltando: ahajhdjhffwekfjgejghehg (voz gaga, embargada, inintendível. Choro eminente. Felicidade) grrávida...

Parou de fumar sem nenhum esforço. Parou de beber. Parou de sair. Acordava pensando em nomes de crianças. Normais: João, Maria. Anormais: Krishna, Dara. Aqueles que dariam bons apelidos. Aqueles que não dariam apelidos. Aqueles de uma só sílaba: Téo, Tom, Tim. Aqueles que não rimavam com o sobrenome. Vagava nas ruas sonhando. Dobrava roupinhas imaginárias. Cheirava sapatinhos de crochê. Lia livros de psicologia infantil mas depois desistia dizendo que queria uma educação mais naturalista, sem muita regra. Com muito amor. Passava óleo de amêndoas na barriga para evitar estrias. Usava meias Kendhal. Fazia a respiração cachorrinho só pra já ir treinando. 

Isso se fosse querido, tô grávida. Mas aí seria ficção. Ela não tinha marido. Ela sonhou tanto, e passou tanto tempo sonhando, que a barriga foi realmente crescendo. Nas costas. Era uma velhice novinha que acabara de chegar. 





Desencontro de Almas

Não há nada mais triste no mundo
que quando duas almas se desencontram.
Porque alma é coisa rara de encontrar.
Corpos se encontram e desencontram o tempo todo.
Mentes se encontram e desencontram sempre ao longo do caminho.
Mas almas não.
Almas se encontram poucas vezes. Quase nunca.
Quando se encotram é festa, é liberdade, é pura alegria.
E não há tristeza maior do que quando elas juntas descobrem que cada uma quer seguir o seu caminho. Sozinha.
É desperdício de sorte.
É desperdício de tempo.
É desperdício de sonho.
É desperdício de vida.

Carolina Campos

Jogando

Sempre gostei de ganhar. Nunca acreditei que o importante é competir. Mas sempre soube perder. Não gostava, mas sabia perder. É por isso que eu não gosto deste jogo. Jogo que todo mundo perde. Neste jogo, eu não sei perder.

Carolina Campos

Semana de 29

Ter amigos é juntar muitas idéias numa só cabeça. 
Eu acabo tendo as mesmas idéias que o Suppi, que pensa igual ao Bertuol, que rouba um pensamento da Carol, que se inspira na Toty, que rouba o sotaque do Portuga. Logo, se as cabeças estão unidas porque não dividir um blog de idéias? Você também pode mandar a sua. Apesar de não ser nosso amigo. Mande a sua para semana29@globo.com. Ela pode virar um filme, um livro, uma novela da Glória Perez. Ou um Post mal visitado. A semana de 29 é assim, não tão criteriosa quanto a de 22. Mas também, você pensa que é quem? Oswald? 
(desculpem, a agressividade faz parte do processo criativo na arte)

bem-vindos

Paloma de Montserrat

segunda-feira, 27 de julho de 2009

Poeta (2)

É impossível ver um poeta. Ele só aparece quando está só.

Suppion

UM





Portões

As pessoas que passam pela nossa vida são sempre como portões.
A diferença é que alguns se abrem te convidando para entrar.
Outros se abrem, apenas para te deixar sair.

Carolina Campos

Se...

Se eu tivesse tempo,
Se não tivesse vento,
Se meu andar não fosse lento,
Já não estaria aqui.

Se não tivesse medo,
Se não tivesse brinquedo,
Se eu não guardasse segredo,
Já não estaria aqui.

Quem sabe estivesse aí
Onde sempre quis estar.
Talvez estivesse perdido
Mergulhado em outro olhar.

Carolina Campos

Sem pés, nem cabeça.

Ela não tinha pés, nem cabeça. Não tinha pescoço, nem qualquer espécie de osso. Não tinha nervos, nem queixo, nem coluna dentro do eixo. Não tinha seios, vagina, intestinos ou vasos sanguíneos. Não tinha dentes, cotovelos, ombros, bunda, umbigo, polegares, mindinhos, indicadores e anelares. Não tinha estômago, fígado, pulmão ou coração. Não tinha nada. Nada, a não ser a sua alma que vivia feliz assim: invisível, intocável.

Caminho

Mãe, pai, irmã, irmão.
Choro, colo, abraço, sabor.
Boneca, bola, sorriso, peão.
Amigos, escola, onda, calor.

Turma, beijo, namoro, aperto de mão.
Desejo, sonho, sexo, dor.
Escolha, dúvida, futuro, profissão.
Trabalho, estudo, carro, empregador.

Copo, bebida, mochila, avião.
Olhar, boca, cama, amor.
Promessa, aliança, plano, pé no chão.
Vestido, festa, sofá, televisor.

Barriga, semente, criança, trocador,
Casa, comida, família, ocupação.
Dinheiro, insônia, certeza, valor.
Café, dúvida, companhia, verão.

Ruga, cabelo, medo, doutor.
Bodas, filhos, netos, admiração.
História, quarto, água, cobertor.
Doença, suspiro, lágrima, recordação.

Morte, luz, escuro, solidão.

Escrever é desenhar a vida.

Suppion

Síntese

Minha vida era viver o amor.
Perdi o amor, ganhei outra vida.

Suppion

Poeta

Um poeta, quando sensível, é capaz de ver o invisível.

Suppion

Esquina

Na cidade da vida, nossa grande história virou um breve encontro.
Na esquina da minha rua com a sua.
Falamos de tudo um pouco. Fizemos do pouco, um tudo.
E quando o silêncio era a conversa,
o abraço que era encontro, resumiu o desencontro.
Agora só nos resta caminhar.
Vagarosamente passear.
Um num caminho, o outro no outro.

Suppion

Tiram os zeros, ficam vinte e nove.

Ser zero é ser nada. É conjunto vazio. É viver sem saber o seu real valor. É não ser até que outro seja. Vamos deixar os zeros de lado. Vamos ser. Um, dois, três, vinte e nove. Não importa. Somos amigos e este é o nosso espaço. 2009, o nosso ano. Produzam. Expressem. Tirem os zeros, deixem o que quiserem.

Suppion

sexta-feira, 24 de julho de 2009

semana29

Está inaugurada. Começou numa mesa de bar e ninguém sabe onde pode parar.